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Esse post é pequeno demais para meus músculos! |
Continuo a série, desmistificando outro dos muitos mitos inventados para justificar o sexismo machista. A concepção de que a diferença comportamental entre os sexos está fundamentada na diferença hormonal. Durante muito tempo, pensou-se que homens e mulheres produziam hormônios diferentes, e que isso bastava para explicar as diferentes aptidões , necessidades e gostos. Esse conceito caiu por terra, quando em 1920, descobriu-se que hormônios feminilizantes e masculinizantes eram produzidos nos corpos de ambos os sexos!, ainda que em quantidades diferentes.
Assim, passaram a falar, não sobre contrastes absolutos, mas diferenças relativas. Assim, apoiaram sobre essa diferença de proporções hormonais para justificar desvios da conduta normativamente feminina ou masculina.
Pensou-se, por exemplo, que a homossexualidade era provocada por um desequilíbrio hormonal. Onde gays teriam excesso de estrogêneo, e lésbicas excesso de testosterona. Essa explicação se revelou completamente falsa, pois as taxas hormonais entre héteros e homossexuais eram as mesmas. Não havendo qualquer tipo de padrão ou regra que vinculasse um desnível hormonal com um comportamento sexual distinto.
Considerou-se também, que mulheres que que estudavam e trabalhavam - ou ao menos almejavam desempenhar tais atividades - sofriam de uma masculinização hormonal. Anomalia considerada perigosa para a mulher e para a estrutura social. Nenhuma dessas especulações pode ser comprovadas. Nenhum possível vínculo entre hormônios e o comportamento psicológico ou sexual das pessoas poderia ser comprovado.
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Musculinização = Masculinização? |
Assim se justificaria também, o comportamento promíscuo do homem. Pois também associa-se os hormônios masculinizantes ao desejo sexual. Justifica-se então, a necessidade dos homens de possuírem várias conquistas, enquanto as mulheres sentiriam menos desejo sexual. Argumento que se encocha em outro, referente ao fato de um mesmo homem poder fecundar dezenas de mulheres. Mas uma mesma mulher só poderia ser fertilizada por um único homem. Justificando assim o comportamento garanhão e adultero por parte dos homens.
todas essas afirmações, pseudo-estudos e maniqueísmos baratos esbarram em problemáticos defeitos metodológicos. Primeiro, que a definição de agressividade é sempre muito vaga. O que se descreve como "comportamento agressivo"? É um termo que se tornou difuso e subjetivo demais! Na maior parte das vezes, desconsidera-se que muitos dos fenômenos associados à natureza agressiva: como a raiva, a ambição, competição, crime, guerra; estão associados com diversos outros aspectos do comportamento humano: como a emoção, o medo, os sentimentos, as ideologias. A própria guerra tem muito pouco haver com qualquer agressividade "natural" aos homens, mas com os percursos da história!
Uma pesquisa realizada com soldados norte-americanos no Vietnam revelou que, antes de entrar em batalha, os soldados apresentavam baixíssimos níveis de testosterona! O mesmo acontece com homens que estão prestes a saltar de paraquedas. Surpreendente, não? Parece o avesso da expectativa. Justo quando o impeto de agressividade deveria estar em alta, a testosterona cai! Outra babozeira da sociobiologia desvendada.
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Páreo pra você? |
Os eunucos (homens castrados) que atuavam como os guardiões das mulheres, conselheiros e soldados do antigo Império Chinês, eram extremamente agressivos e violentos. A castração química aplicada em casos de crimes sexuais nos EUA, de revelou uma enorme contramão. Uma vez que ao invés de violentar suas vítimas, esses homens passaram a matar suas vítimas. Curiosamente, onde a testosterona é inibida do homem, sua agressividade aumenta!
Há de se dizer, também, que a agressividade pode ser acarretada pela restrição sexual. Padres, freiras e entre outros praticantes da castidade assexuada, apresentavam elevadas tendências ao autoritarismo agressivo. Mas isso ainda é um tema a parte. Acho que por enquanto o tema já desenrolou como poderia. Deixo a continuação da proza, sobre o impulso sexual, e outros mitos, para uma próxima oportunidade.
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