"É preciso a coragem de ser um caos para gerar uma estrela dançarina." - F. Nietzche.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Mais uma vez, de uma vez por todas!

Dessa vez eu vou desenhar. Sim, muito útil para o caso como você pode estar experimentando agora - o caso de ter recebido um link para essa publicação a título de esclarecimentos. Preste bem atenção pois eu só vou fazer isso mais UMA vez. Eu vou explicar as distinções entre Gênero, Sexo e Sexualidade.

Cores gritantes, sim! Dessa vez foi no Corel Draw
Cada campo tem sua definição distinta e absolutamente separada uma da outra:

Gênero:

São ficções culturais. Ou seja, foram CRIADOS, MOLDADOS, INVENTADOS e disseminados na sociedade por meio das instituições escolares, religiosas, estatais e culturais. Homem e mulher representam modelos emblemáticos de seres humanos. Ninguém nasce homem, nem mulher, mas são educados para desempenharem papéis, funções. Somos ensinados a encenar desde o nascimento e, toda ação que aparentemente nos colocaria fora do personagem é automaticamente corrigida pelo diretor de cena (seja o professor, o padre ou seus responsáveis).

Homem: Estritamente masculino, desempenha o papel do bagunceiro, desleixado, arrogante, agressivo, trabalhador. Sexualmente insaciável, não pensa em outros tópicos senão em sexo, cerveja e futebol. Política e filosofia é coisa de mariquinha. Trabalho doméstico ele deixa para sua mãe e, mais tarde, para sua esposa.

Mulher: Estritamente feminina, recatada, desempenha o papel da educada, faz aulas de etiqueta, se dá ao respeito, deve se esforçar a todo custo para se reservar ao seu futuro pretendente, senão, acabará por ser (merecidamente) taxada de vadia e, uma vez rendida à tentação sexual com que o capiroto manipula as mulheres, se tornará uma depravada sedenta por sexo (famosa feminista). Sua função se resume a ser uma incubadora, mãe, dona de casa e empregada doméstica.

Reforço pois, são FICÇÕES, INVENÇÕES antigas que são constantemente reinventadas com a intenção de manter ambos homens e mulheres sob um estado de estagnação e dominação mental.

Sexo Anatômico:

Esse é o mais fácil de explicar. Resumindo: Tem piu-piu, é do sexo masculino; tem pererequinha, é do sexo feminino. Eu poderia ter usado a questão cromossômica para definir o sexo anatômico, mas isso me colocaria em contradição, mais tarde. São dois, os complicadores a respeito do sexo anatômico:

1. Nascer de um determinado sexo anatômico não necessariamente vem acompanhado do gênero que o representa: Ou seja, mesmo que você nasça com piu-piu, isso não te impede de desenvolver uma personalidade do gênero mulher, afinal, como os gêneros são FICÇÕES, não existe qualquer inclinação natural para o desenvolvimento da psique de um indivíduo do sexo masculino ou feminino, para um ou outro gênero. Então, um representando do sexo feminino que se comporta como menino, não é anti-natural, mas perfeitamente cabível, dado que, ele simplesmente se identificou com a MÁSCARA que lhe pareceu cabível. Entrou no personagem errado, mas não é culpa dele, mas culpa da sociedade que não deixou claro para ela que o figurino dela deveria ser outro!

(Aos que assumem o gênero correspondente ao seu sexo anatômico, dá-se o nome de cis-gênero. Aos que assumem o gênero do sexo anatômico oposto, dá-se o nome de trans-gênero)

2. Nascer de um sexo anatômico, não implica que você vá aceitar viver no corpo que nasceu: Existem ainda casos de pessoas que nascem de um determinado sexo, mas sentem que, em realidade, deveriam pertencer ao outro sexo. São as "mulheres no corpo de um homem" e "homens no corpo de uma mulher". Recorrentemente, eles têm dificuldade em ter relações íntimas com quem quer que seja, pois não se sentem confortáveis em ter outras pessoas tocando um corpo que eles não aprovam. Para esses casos, aplica-se a mudança de sexo.

(Para os que sentem que nasceram no sexo errado, dá-se o nome de transsexual)

Cada qual em sua área, cada qual independente e que se associa livremente.
Sexualidade:

Esse é o campo mais diversificado. A sexualidade é completamente desvinculada dos tópicos abordados acima, por incrível que pareça. Ser transsexual, não implica ser homossexual (em relação ao sexo de nascença). Ser transgênero não implica em ser homossexual também. SIM, existem homens, que se vestem e se comportam como mulheres, mas gostam e sentem desejo sexual por MULHERES. Assim como existem pessoas do sexo feminino que querem fazer mudança de sexo para poderem se relacionar com... outros do sexo masculino!

Eu acredito que pouco preciso mencionar que não existe um modo de exercer a sexualidade que seja mais normal ou natural do que qualquer outra. Heterossexual ou homossexual são convenções formalizadores, provavelmente, distantes da realidade onde, esses campos não são tão distinguíveis como água e óleo. São construções sociais que tentaram empurrar ao longo dos séculos como padrões normativos, representado pela distinção homem-masculino-hétero e mulher-feminina-hétero. Deixemos eles nos quadrados deles, não é?

Pode parecer confuso, mas é só olhar para o diagrama acima. Cada qual, círculo, quadrado e triângulo, cada qual pode ser preenchido, livremente, por qualquer combinação das opções dos campos delimitados no primeiro diagrama. Enxergue os campos gênero, sexo e sexual como campos em branco que podem admitir todas as formas imagináveis e criativas de serem preenchidas e combinadas. Eu já dei exemplos suficiente necessários para mostrar como isso é possível e como ocorre, todos os dias.



Deixo aqui a minha contribuição de vital utilidade pública. A próxima vez que você encontrar alguém vociferando asneiras sobre transgênero e sexualidade no facebook, na rede social, em um fórum, na rua, na balada, no cinema... Meta esse link na fuça dele! De nada!

Caso se interessem, compilei uma série de tirinhas que um amigo ilustrador fez em analogia ao tema, aqui.

E caso queiram acompanhar meus posts, curtam minha página no facebook: Gunter Brian

Um comentário:

  1. O finalzinho do texto confirma que ele veio a existir por causa de algum discurso que você ouviu e que teria sido repleto de "asneiras". Por que, realmente, somos todos educados no Brasil em minúcias sobre gênero, sexo e sexualidade em suas mais diversas versões.Talvez a raivinha provocada pelo discurso que ouviu justifique o tom do texto, de superioridade absoluta em relação aos "asnos" que não sabem distinguir esses conceitos. OU talvez não justifique, e esse tom tenha sido apenas babaca e desnecessário. Fico com a última hipótese.

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