"É preciso a coragem de ser um caos para gerar uma estrela dançarina." - F. Nietzche.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Você é feliz?

Você anda despreocupado com o futuro? Aprecia mais a companhia de pessoas com bom humor do que o dinheiro que gasta com produtos caros? Consegue extrair satisfação das coisas simples da vida, ao invés da sofisticação de um modelo idealizado de vida? CUIDADO! Você pode estar sofrendo de uma perigosa síndrome chamada Felicidade!
Obedeça ou morra! Mantenha-se seguro, não seja feliz!
Caso você já esteja em graus mais avançados dessa doença, esse texto será inútil para você, pois a chance de se recuperar é ínfima. Mas caso esteja experimentando alguns dos sintomas mais amenos, talvez, só talvez, ainda há alguma chance de resgatá-lo e te colocar no caminho direito à tempo.

Eu vou tentar lhe recuperar na medida do possível, mostrando o que esse estado de felicidade representa e o mal que ele pode lhe causar. Lhe persuadindo, assim, a aceitar que de forma alguma você não deveria buscar ser feliz ou buscar qualquer proximidade com o que especialistas chamam de estado de felicidade.

Sintomas:

*Displicência: Você se importa de menos com os resultados e demais em fazer com que o processo seja agradável. Ora, vejamos, é tão óbvio que tudo o que importa na vida são resultados! Tudo o que importa é subir de cargo na empresa, é construir uma carreira de sucesso e, mais importante ainda, é nunca se satisfazer com o que tem!

*Falta de Perspectiva: Você não tem grandes ambições, senão a de viver em plenitude e - *cof cof* - em felicidade. Não tem objetivos nem rumos traçados e isso é péssimo! Afinal, que tipo de pessoa não faz planos para daqui a 5 anos, 10 anos, 20 anos? Você não sabe onde gostaria de estar nem como gostaria de estar daqui a 30 anos? Como isso é possível? Todos sabemos que devemos mirar uma carreira de fortuna e reconhecimento alheio! O importante é ter carro importado e viajar de primeira classe para Paris! Nada dessa frescuragem de viver o momento presente. Quando estiver onde gostaria de estar, é vital passar todo o tempo pensando sobre o passo seguinte a ser dado. Nunca se está no cume da montanha e, se algum dia chegar lá, deve haver outra montanha mais alta para ser escalada! (A montanha que eu menciono é de dinheiro, é claro!)

*Amizades Verdadeiras: Esse sintoma é perigosíssimo! Que tipo de gente gosta de companhias valiosas ou confidentes? O importante é ter contatos profissionais e usar de suas amizades apenas a fim de satisfazer seus interesses. Seja para subir na vida (nem que seja subindo pelo ombro dos outros), seja para sexo, casamento (sem qualquer sentimento, óbvio) ou para procriação.

Se você cruzar essa linha, eu te mato! Fique em paz, ou melhor, fique direito!
*Prazeres sem Custos: Imagine que absurdo seria, você ser capaz de sentir prazer, contentamento ou satisfação pessoal, sem gastar um tostão? Pessoa felizes, por mais nauseante que isso seja, conseguem passar uma tarde de verão sentados em um parque municipal, apreciando o vento, a paisagem e o sol (algumas vezes acompanhados de outros doentes feito eles). Não gastam dinheiro com essa atividade e ainda têm a cara de pau de dizer que se sentem bem com isso! Eu não preciso mencionar como tudo isso é absurdo, não é mesmo?

*Sorrir sem Motivos: Se subverter o (sagrado) uso do dinheiro como moeda de prazer e satisfação ainda não fosse suficiente para esses sociopatas sem escrúpulos, eles ainda sorriem sem qualquer razão. Esse é, sem dúvida, um dos seus atos mais irreverentes e perigosos por que, por meio de um sorriso des-referenciado, eles tem o poder de contagiar outras pessoas com o vírus da felicidade. Tome atenção! Caso veja alguém sorrindo na rua, sem motivo aparente (ex: dirigindo um carro de luxo, comprando futilidades no shopping), exerça seu trabalho de cidadão de bem, consciente, e denuncie no posto policial mais próximo ou, de preferência, consulte um gerente de banco para que ele tome as necessárias providências.
O gráfico acima mostra como à medida em que você se torna mais feliz, menor são suas taxas de ansiedade, preocupação, angústia e estresse. A felicidade contribui na redução dos quatro pilares da pris... do sistema e da sociedade como um todo! Não é possível ser produtivo sem estresse e preocupação! Não é possível manter-se consumindo desenfreadamente sem a sensação de angústia e ansiedade. Portanto, a felicidade te obriga a abrir mão de tudo o que é mais importante!

Espero ter contribuído para te ajudar a evitar esse grande mal para a sociedade, que é essa tal de felicidade. Mais uma vez, obrigado! E caso queira acompanhar meus textos, curta: Gunter Brian

Grupo da Real: Antologia

ALERTA VERMELHO!

ALERTA VERMELHO!

RISCO DE RELATIVISMO MORAL!
RISCO DE CONFRONTO COGNITIVO! 
"Calma, confrade! Nós chegamos e está tudo bem agora!"
Caso você seja um dos "confrades da real", você está sob sério risco de lidar com um texto que em nada vai te agradar. Mas não se preocupe, guerreiro, eu não vim aqui desmentir as palavras de seu grande guru\mestre\sábio\filósofo Nessahan Alita (não integralmente), mas trazer uma perspectiva ainda mais ampla e REALISTA sobre a questão como um todo.


O sujeito:


Eu tenho tanto, mas tanto para dizer, que eu mal sei por onde começar (com vocês). Acho melhor começar com o "precursor" do seu grupo.

Nessahan Alita: seu nome real é Cleber Monteiro Muniz, casado, licenciado em Geografia e especialista em Abordagem Junguiana. Autor de "Magnetismo nas Relações Sociais" (Livro que eu altamente recomendo) e o infame "Como Lidar com as Mulheres".

Sobre a primeira obra que aqui citei, eu considero um excelente texto abordando a forma como as pessoas são manipuláveis por meio de suas paixões e aversões. É um livro que todo Realista deveria de ler com atenção e senso-crítico afiado para, então, observar se ele mesmo não está sendo manipulado para aderir uma 'causa' ou 'doutrina' por meio de uma hábil manipulação de suas aversões e paixões. Em realidade, penso eu, a maioria dos "Realistas" dão pouca senão nenhuma atenção a esse obra, pois acredito que se de fato fizessem, eles não estariam no grupo da Real.

O segundo livro que citei - Como Lidar com as Mulheres - é um interessantíssimo estudo, embora tenha seus altos e baixos (cientificamente falando), sobre o comportamento do Inconsciente Feminino dentro de uma relação amorosa. É aqui que eu começo a minha prosa, de verdade. Alita se empenha em estudar e qualificar muito bem as artimanhas emocionais, chantagens psicológicas e outros recursos de manipulação que (sinceramente) a maioria das mulheres utilizam, na maior parte do tempo, sem reconhecer que assim procedem. Se trata de reflexos do inconsciente e subconsciente, que alternam no papel de vítima e algoz, transformando a "vítima" (a mulher), em um ser de difícil convívio amoroso. Mas o próprio Alita enfatiza, que tal não é razão de demonizar as mulheres a ponto de pensar que elas assim fazem por maldade. É matéria de reflexão. Ele mesmo enfatiza que o livro deve ser lido com bom humor e senso crítico, não com olhar revoltoso e vingativo (como fazem os Realistas ao empurrarem esse livro para quem acabou de sair de um relacionamento conturbado).

Para explicar melhor, vou dar uma breve explicação sobre o que de fato É o Inconsciente, o Consciente e o Subconsciente que tanto menciono.

Inconsciente: São as ações mecânicas, ou, os comportamentos que assumimos sem consciência plena de suas motivações. Em grande parte, as pessoas pensam que o inconsciente se resume a funções vitais ou estritamente anatômicas, como o impulso sexual, o impulso à sociabilidade; mas se estende às formas-pensamento que são impostas pela religião, pela cultura e pela doutrinação social. Os valores morais aceitos sem a devida digestão ou reflexão sobre os mesmos. Ideias e pensamentos fixos, os quais tememos questionar. Todo (falso) moralismo por assim dizer, pertence ao Inconsciente. Pois são construtos psíquicos que foram IMPLANTADOS em nós. Sim, a religião é IMPLANTADA, o senso de obediência ao um ESTADO também não nos é natural, mas construído na nossa formação. Tudo o que faz parte de uma cultura e que nunca buscamos questionar são parte do Inconsciente (POR FAVOR, GUARDE ESSA INFORMAÇÃO).

Consciente: São as ações que tomamos baseadas nas nossas concepções de mundo, de forma lúcida e sob as quais possuímos absoluto controle. Levando em conta a definição de Inconsciente, Consciente é o avesso daquele. Perceba assim, que é algo RARÍSSIMO de se encontrar. Pois 99% do tempo, 101% das pessoas estão agindo, mecanicamente, de acordo com os valores que foram IMPLANTADOS nelas, por meio da lavagem cerebral das escolas, dos "valores familiares", da religião e do moralismo. O pensamento legitimamente livre, é aquele que desperta a verdadeira Consciência há muito adormecida na humanidade.

Subconsciente: É o melhor amigo do Inconsciente. Embora muitos pensem o contrário (por conta da associação geralmente feita de: Inconsciente - Id, Consciente - Ego, Subconsciente - SuperEgo), o Subconsciente é aquele que nos mantém aprisionados no estado de inconsciência. Portanto, é o controlador SIM, mas essa forma de exercer controle, geralmente, nos induz ao sentimento de culpa, ao sentimento de fragilidade e, com isso, nos induzindo de volta aos mesmos conceitos engessados do Inconsciente. Ele nos induz à imobilidade e à incapacidade de mudar nossa condição de vida, ou mesmo a nossa perspectiva de mundo.

Eu trouxe esse recorte, bem especial sobre esses conceitos, que servirá para atender aos objetivos do texto. Se eu fosse esmiuçar a nuances de cada um (Inconsciente, Consciente e Subconsciente), daria para escrever um livro! Mas voltando ao foco, Nessahan Alita descreve com boa precisão o Inconsciente da identidade de gênero Feminino. Cito "identidade de gênero", pelo fato de que qualquer indivíduo identificado com o gênero feminino (independente do seu sexo anatômico) é capaz de apresentar os mesmos sintomas descritos por Alita em seu livro. Mas isso não é tudo. Sendo parte de uma construção social, tanto a identidade de gênero, quanto os defeitos que a ela são atribuídas, são dissolvíveis e contornáveis. Uma mulher que se percebe, conscientemente, estar manipulando ou aplicando jogos emocionais com seu parceiro, adquire assim a possibilidade de mudar a sua atitude e, com isso, deixar de exercer aquele tipo de papel em uma relação.
"Sinta o poder do meu moralismo conservador!"
"Eu sou tãaao realista!"
(PAUSA: Eu tenho de admitir. A linguagem do texto está bem acima da padrão e isso não é a toa. Isso serve para testar o leitor e peneirar quem vai aguentar ler o texto até o fim. É um texto denso, sim. Eu escrevo com essa robustez por opção. Eu poderia fazer a minha prosa muito mais clara e objetiva, mas ao mesmo tempo rasa e facilmente confrontável. O meu objetivo não é "vencer pelo cansaço", mas desafiar o leitor e ler mais e estudar mais sobre os assuntos que abordo aqui)

Eu destaco dois "defeitos" no estudo de Alita:

1. Adotar um referencial científico tendencioso e falível, tal como é a sociobiologia, que consiste em um Darwinismo Sociológico (de baixíssimo rigor científico) em prol de justificar ou explicar o comportamento sexual dos homens e mulheres em sociedade. Eu já detonei todas essas teses aqui, aqui e aqui.

2. Ahhh rapaz! É muito conveniente atacar exclusivamente as mulheres, os defeitos, os problemas e situações por quais elas fazem o (oh! pobre coitado) homem enfrentar, e ignorar que os homens também tem o próprio Inconsciente, igualmente difícil de se lidar! As relações amorosas são difíceis para ambos os lados e, ideologias sectaristas (machistas) só tornam as coisas ainda mais complicadas para ambos os lados!

Descobriram que as mulheres são humanas e têm seus defeitos, e fizeram disso a maior descoberta do último século. Fala sério! Descobriram que o modelo moral imposto à sociedade não condiz com a realidade (ou mesmo à natureza humana). E estão, de todas as formas, tentando fazer a realidade se encaixar com a teoria (que de científica não tem nada!).

Sim, chutei o balde mesmo. Cansei de ser bonzinho e de passar a mão em masculinista alienado com a realidade. Aliás, se vou continuar falado sobre o assunto, é melhor mostrar o maniqueísmo conveniente que Alita assumiu. Ele fez um trabalho muito bom, mas ao mesmo tempo parcial. Sobre ELE, nada tenho a reclamar, pois ele mesmo enfatiza repetidamente a necessidade de se ler seus estudos de forma crítica, sem dogmatismos e sem tomar suas palavras como verdades absolutistas. Outra coisa que ele menciona e todos os "realistas" parecem ignorar, é o fato de que ele NÃO apoia a formação de grupos sectarios baseados nos estudos que ele apresentou (ou seja, ele não apoia a formação de grupos como o da Real).

Um outro sujeito:
Tem ideia de quem eu seja, "confrade"?
"Especialista em Abordagem Junguiana". Maneiro, quantos de vocês, realistas, já estudaram Carl Gustav Jung? De acordo com a psicologia de Jung, existem dois arquétipos do Inconsciente coletivo humano, representados pelos gêneros Masculino e Feminino (nota que há uma distinção entre o gênero e o sexo anatômico). Ao masculino, são atribuídas diversas qualidades ditas masculinizantes, predominando a Atividade, a Projetividade (projeção), Racionalidade, a Razão e a Robustez. Ao Feminino, as qualidades femininas que complementam o outro lado do masculino: Passividade, a Retidão (absorção), a Emotividade (sentimentalismo), a Intuição e a Delicadeza (minucia, cuidado, habilidade).

Mas a coisa não para por aí, não! Segundo Jung, todos indivíduos, independente de seus sexos anatômicos (independente de nascer com piu-piu ou com perereca), são psicologicamente bissexuados. Ou seja, um ser humano saudável deverá ser capaz de equilibrar, em seu íntimo, características e qualidades tanto femininas quanto masculinas. Para tanto, isso significa que o extremismo é indesejado e, invariavelmente, conduziria não apenas os indivíduos, mas a sociedade ao desequilíbrio. Essa deve ser, consideravelmente, a razão por que as relações erótico-afetivas são tão conflituosas e complexas. Afinal, quando dois indivíduos são impelidos a desenvolverem qualidades tão contrárias e antagônicas e perseguir o ideal de serem o exato oposto um do outro, a convivência se torna penosa e conflituosa. Um, não é capaz de compreender o lado do outro. E para tanto, surgem livros e livros tentando prover fórmulas para conviver em casal, quando a solução deveria ser buscada a nível individual. Cada indivíduo deveria ser capaz de equilibrar essas qualidades e características dentro de si, antes de buscar suas "cara metades" em um universo que nada compreendem (o hemisfério oposto), por terem se colocado, arbitrariamente, em um dos extremos.

Taoismo pah que te quero!
Sobre as questões duais eu já expliquei melhor em outro texto. Admitir a dualidade do indivíduo faz parte do processo de amadurecimento do próprio ser humano. Assumir apenas uma das faces significa permanecer incompleto e fadado a não se sentir pleno, muito menos, ao lado de outro indivíduo. Mas isso os realistas não aceitam, pois pensam que essa é parte da conspiração que quer violar o seu posto de ultra-viril, emasculando o homem.

Na sociedade atual, depois de mais de um século de feminismo ativista, à mulher é tolerado um comportamento mais flexível e livre. Ela é permitida aderir características masculinas, tal como o empreendimento, a liderança, e a agressividade, até. Mas isso se dá pelo fato de elas terem a oportunidade de conquistarem, aos poucos, o espaço masculino para explorarem o "outro hemisfério" - o hemisfério das qualidades masculinas. As mulheres estão, proporcionalmente, se permitindo mais. Hoje em dia, já é comum ver grupos de jovens mistos - garotos e garotas, homens e mulheres - como algo natural. Em detrimento de que, há poucas décadas, as amizades eram sectárias até mesmo em relação ao sexo anatômico. Homens só se relacionavam com mulheres,socialmente, se fosse a título de vínculo profissional ou interesse sexual/afetivo.

Vem ser meu jogador numero dois? Vem?!
Existem mulheres que jogam videogame, e isso é natural. Existem mulheres que beijam outras mulheres, mas isso só as faz serem ainda mais desejadas! Enquanto que se um garoto ou homem assume qualquer característica tida como feminina, ele é martirizado, ridicularizado, estigmatizado e é tratado feito mulher.

Esse será o primeiro de muitos textos que vou escrever para mostrar os pontos cegos da ideologia da real. Meu texto de inauguração sobre o assunto é esse.

Caso queira acompanhar meus textos de publicações, curta: Gunter Brian

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Shangrilayla - A Rainha da Noite

Revisando minha (não tão movimentada) caixa de e-mail, encontrei um e-mail sugestão de Will Oliveira, cartunista, game designer e ilustrador. Ele trabalha com quadrinhos desde 2005 e me mandou link para um de seus sites, onde mantém alguns quadrinhos e tirinhas com o tema sobre o combate ao machismo e à homofobia.

Eu vou postar aqui sobre as tirinhas da personagem que brilhou aos meus olhos. Uma fantasia realizada (de verdade). Pessoalmente, eu já cheguei a cogitar escrever um romance sobre uma drag queen heroína que ataca pastores, reacionários e conservadores retrógrados. Mas devo admitir que Will aplicou minhas fantasias de ver uma heroína transgênero em ação de um modo divertido, excitante, inteligente e com muito mais glamour do que a minha imaginação de ogro seria capaz de conceber!

Meus sinceros agradecimentos, Will. Pela indicação, pelo engajamento e pelas histórias!
Deixo aqui um teaser e o link para o site com as outras tirinhas e histórias de outros personagens com temáticas afins!

Valeria a pena conhecer também, meus comentários sobre as tirinhas do Laerte. Ou as polêmicas tirinhas feministas da Tailor. Quem sabe ainda, se interesse pelas tirinhas sobre um Gambá que sonha em ser Guaxinim? Fica a seu critério, mas para acompanhar essas e outras publicações, textos, devaneios, curtam minha página: Gunter Brian

A História de um Gambá

Essa é a história de um Gambá que não se reconhecia como um Gambá, mas como um Guaxinim. Dispenso maiores introduções ao trabalho de meu caro amigo Lagarto Roxo.


Todas as possíveis e honrosas comparações com a questão de transsexualidade são nítidas nessas tirinhas boladas por um bom amigo meu, ilustrador e almejante quadrinista. Curtam sua página, ou ainda a minha página no facebook (Gunter Brian), para acompanhar suas tirinhas e/ou meus textos e conteúdos diários!

Masculinistas da Real

Você sente o efeito deles, mas nem sempre entende de onde eles vêm. Machos convictos, fortes (???), homens preocupadíssimos com o auto-desenvolvimento e o empoderamento dos alfas-viris. Sim, eles mastigam feministas junto com o cereal do café da manhã. Peitam feminazis - gordas pelancudas - e sempre têm um gilete preparado para enfrentar o socavo cabeludo de uma militante selvagem da FEMEM.
Sigam-me confrades! Vamos ao ataque!
São eles, os temíveis Machos Realistas. Machistas convictos, proferem seu ódio a qualquer forma de defesa à mulher, como se fosse um ataque contra os homens. Defendem uma visão romantizada do machismo, onde eles seriam nada além de nobres guerreiros defensores da família, guardas vigilantes da sociedade e inestimáveis bons partidos por quais todas as mulheres deveriam disputar.

Não é raro vê-los por aí, na internet. (Exatamente onde todos têm a liberdade de criar uma versão P.I.M.P. de suas próprias vidas) São encontrados com facilidade na sessão de comentários de blogs feministas (ou qualquer coisa que pareça feminista ou esquerdista). Vociferam ódio, repulsa, descontentamento, frustração e fúria contra todas as formas de expressão de ódio contra os homens. Têm palavras como esquerdalhas, idiotas úteis, feminazis, manginas e misandria na ponta da língua (ou melhor, dos dedos). 

A zueira e a falta de seriedade começa quando a imagem de capa de um de seus grupos de apoio e doutrinação no facebook é um exércitos de homens gays. "O que? Os guerreiros de Esparta? Gays?" Não que isso seja um problema (para qualquer humano descente, não é), mas para eles - machos viris - deveria ser. Os guerreiros espartanos são historicamente famosos por sua cultura masculinista, sim, mas também homossexual! Eles defendiam que o amor só poderia existir entre guerreiros e, portanto, suas esposas serviam apenas para procriação. Os garotos eram forçados a aderir o treinamento militar com sete anos e, comumente, era razão de grande orgulho para um pupilo jovem ser abusado sexualmente pelo seu mestre ou veterano.
Oh! Como ele ousa? Defenda-me Doutrinador, defenda sua podre e indefesa donzela!
Ah, sem dúvida. Se tem uma coisa sobre a qual os masculinistas da real não entendem, é sobre história. Eles criaram uma versão própria da história, onde eles se colocam na posição de nobres defensores do lar e mártires de guerra contra a opressão da nossa sociedade feminista (???) que só beneficia as mulheres e prejudicam aos homens, sem exceções.

Criaram sua própria linguagem interna:

Mangina: Man + Vagina (Homem Vagina). São os famosos lambe-salto. Rapazes que fazem tudo pelas suas amigas por quem eles morrem de amores, mas não têm coragem de assumir o que sentem (pois conhecem, premeditadamente, que serão rejeitados). Eles de fato existem, mas são os mesmos que os próprios masculinistas defendem em outras páginas quando vociferam contra as mulheres que deixam seus guerreiros nobres caírem na friendzone (uma espécie de limbo dos relacionamentos afetivos). Coerência mandou lembranças!

CSP: Capitão-Salva-Putas. Qualquer homem que encane de namorar (ou ainda casar) com alguma mulher que já foi rodada no mercado. A velha separação entre putas e mulheres para casar. Pois eles preferem mulheres sem qualquer experiência sexual pois, assim, elas não poderão comparar seu desempenho com o de nenhum outro homem. Portanto, eles não terão motivos de inseguranças sobre seus membros minúsculos nem sobre sua falta de potência libidinal. Não gostam de competição e assumem que mulheres de verdade só fazem sexo para agradar seus maridos (já que eles só se importam em satisfazer seu próprio prazer, sem espaço para o prazer feminino na relação). Uma troca justa, não é mesmo? Ele provém dinheiro, conforto e proteção, elas provém sexo, filhos, casa arrumada e jantar na mesa. Justo - só que nunca!

M$OL: Mãe solteira. O cifrão no meio da sigla serve para indicar que uma mãe solteira é nada além de uma vadia que foi largada por um cafajeste que não teve cara de pau de assumir o filho. Aceitar criar o produto do esperma de outro homem, significaria se rebaixar ao status de homem-beta, portanto, inferior. (Ignorando o fato de que metade dos genes da criança vieram da mãe, a criança passa a ser uma propriedade autoral exclusiva do saco escrotal de seu progenitor)


Eu poderia continuar fazendo minha análise e estudo de caso, mas prefiro voltar a falar mais sobre esse grupo curiosíssimo mais para frente. Por enquanto, eu aproveito o fato de eu estar infiltrado em seus grupos, para mostrar algumas das pérolas que coletei naquele grupo. Essa, a princípio, é sobre uma polêmica que foi levantada no grupo sobre as M$OL's.

A discussão na publicação se estenderia ad infinitum, mas apenas com essa pequena amostragem já é possível perceber como é o patamar das discussões filosóficas desse grupo. Ainda vou escrever melhor sobre seu suposto precursor, Nessahan Alita, entre outras pérolas do grupo e sua atuação, até mesmo nesse blog!

Se querem uma amostra do que esse tipo de ideologia é capaz de fazer, observem os comentários de uma das minhas publicações mais agitadas, sobre uma compilação de tirinhas de uma página de facebook.

Para quem se interessar em entrar para conhecer os grupos, apresento aqui: Filosofia da Real, que é um espaço de preparação mirim para os que vão entrar mais tarde no grupo da Metendo a Real. Mesmo que você não se interesse em entrar (já que apenas homem são permitidos nesses grupos), eu recomendo que dê uma olhada na relação de membros. Veja se seu namorado não está lá (e caso ele esteja, eu ainda vou escrever um texto que te convencerá a largar de uma vez por todas esse relacionamento de merda), ou ainda, entenda por que aquele seu amigo fala tanta besteira impensada, descobrindo que ele faz parte, na realidade, desses bizarros clubes do bolinha.

Em continuidade a esse texto, já escrevi os primeiros rabiscos da Antologia da Real.

Caso queiram acompanhar meus textos, curtam minha página: Gunter Brian

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Cidadãos de Bem: O Mito

Citação recorrente em debates políticos, geralmente, de natureza etno-fóbica, por vez ou outra cruzamos caminho com certos cidadãos de bem. Homens trabalhadores, crianças e mulheres de família direita, humanos humanamente dignos e corretos. Incapazes de cometerem crimes, eles merecem a proteção do estado e da polícia contra o bandido do morro.

Tirinha do Andre Dahmer - Malvados
É curioso imaginar o que serviria de apoio para sustentar uma tese tão puritana, quanto tal que defende uma classe de indivíduos super virtuosos e de índole inquestionável, que teriam mais direitos do que qualquer outra classe de cidadãos. Falta pouco pedirem o direito de serem clientes preferenciais em mercados e ganharem os primeiros acentos em show e exposições: "Abram alas para os cidadãos de bem!". (E assim estende ao chão um tapete vermelho - vermelho de sangue dos bandidos do morro)


O conservadorismo está permeado de justificativas filosoficamente coerentes para suas atitudes e posturas claramente racistas e preconceituosas. Clamam cláusulas da constituição, citam versículos para defender a moral e bons costumes, mas se esquecem que o mundo prático é infinitamente distante do mundo idealizado pelo velho (e novo) testamento e pela constituição de 1988.


Quando um cidadão de bem defende pena de morte para bandidos, ou vociferam contra o modo humanitário como bandidos e criminosos são tratados pela trupe dos direitos humanos; eles não percebem - ou fingem que não percebem -, mas estão apoiando um genocídio etno-cultural. É fácil perceber como quando eles mencionam bandido, a imagem que lhes vêm em mente é de um homem negro, classe média-baixa, morador de periferia ou favela, pés descalços ou chinelo, bermuda velha/suja, camisa do flamengo/sem camisa e que aponta uma arma para um cidadão de bem indefeso.
Cidadão de bem gosta de fazer justiça com as próprias mãos.

Diariamente os cidadãos de bem são bombardeados nos noticiários com imagens de notícias que reforçam constantemente o esteriótipo do bandido pobre favelado. Faz até parecer que a tendência à bandidagem é por culpa da cor ou condição social. Existem sim, os favores de risco social que facilitam e até mesmo tragam os jovens da periferia e da favela para se aliarem ao tráfico ou outras facções criminosas: Difíceis condições de estudo, falta de oportunidades de emprego, coercitividade do meio, para citar apenas alguns fatores de risco. Porém, não é sobre isso que quero falar aqui, mas sobre a face oposta, o pseudo-puritanismo dos cidadãos de bem.

Trago em pauta um caso famoso da minha região natal, Vitória ES. Araceli Cabrera Crespo, 9 anos incompletos, foi dopada com LSD, estrupada, violentada, dilacerada a dentadas e teve seus restos mortais desconfigurados com ácido, para dificultar a identificação.


Voltando um pouco a fita, no dia 18 de maio de 1973, Araceli saiu mais cedo da escola, a pedido da mãe, que escrevera um bilhete para a professora. A menina se dirigiu então a um edifício levando um envelope que continha — sem que ela soubesse — drogas para serem entregues a um grupo de rapazes, conhecidos por realizarem orgias regadas a narcóticos e álcool. Uma vez na mão dos rapazes, ela não teve escapatória.

Entre os líderes do grupo, citam-se dois nomes de famílias influentes da região, Paulo Constanteen Helal, o Paulinho, e Dante de Brito Michelini, o Dantinho. Burgueses, soberbos, mantinham apartamentos na região da cidade exclusivamente para fazerem suas festas noturnas agitadas e recheadas de narcóticos, orgias e ocasionais ultraviolências; como a do caso Araceli.

Depois de muito suborno, paitrocínios e tentativas de julgarem o caso, os réus permanecem praticamente impunes, salvo um breve período de poucos meses que passaram na cadeia. É um caso emblemático de impunidade e cumplicidade das instituições do Estado para com a mórbida crueldade da high-society. Outros diversos casos de rapazes de classe média alta que saem de madrugada com o carrão do papai, junto com mais três amigos marombeiros e aproveitam para espancar um mendigo ou uma empregada no ponto de ônibus, são algumas vezes noticiados. Mas qual será a verdadeira frequência de casos de criminalidade, brutalidade e violência que vêm das classes superiores e não das classes subalternas?
Charge de Carlos Latuff sobre o helicóptero cheio de cocaína de um deputado do PSDB 
A justiça ainda julga sob diferente peso e medida um crime cometido por um milionário e o mesmo crime (em menor escala) cometido por um favelado. Enquanto esse parâmetro não for à justo e medida, haverão aqueles que acreditam que roubar e matar são atitudes exclusivas de traficantes do morro, mas ignoram a corrupção dos empresários e dos ladrões do colarinho branco - infinitamente mais mortais e prejudiciais do que ladrões de galinha ou pão da padaria.

A teoria criminalística comprova: 99% dos crimes não são reportados ou noticiados. Todos os cidadãos haverão de infligir a lei, mais dia ou menos dia. Não existe atestado de bom mocismo. Não existe uma classe de indivíduos que sejam imunes a julgamentos criteriosos. O esforço para se manter justo deve ser diário, contínuo.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Romário: o Deputado

É GOL!

No mesmo ano em que mais de um milhão e meio votaram no Tiririca para deputado federal em São Paulo, outro hipotético candidato piada foi eleito. Contudo esse, fez muito mais do que números na urna eletrônica - fez muito mais mesmo!
Da camisa suada à camisa engomada.

Em seu escopo legislativo, incluem um projeto de Lei que regulamenta como profissão as atividades relacionadas à cultura hiphop (DJ, MC, Rapper, Beat Box, Dança Urbana e Grafite); um projeto de Lei que facilita a importação  e material de pesquisa científica; e tão recentemente um projeto de Lei que criminaliza a dita pornografia de vingança

É especificamente sobre esse último projeto que eu pretendo conversar aqui. Após dois incidentes onde vídeos e imagens de relacionamentos íntimos foram "vazados" na internet e no whatsaap, Romário decidiu criar uma lei que criminaliza a divulgação indevida de material íntimo.

O caso de Júlia Rebeca, estudante de 17 anos chocou por conta da consequência catastrófica que teve. A adolescente tirou a própria vida após a ampla divulgação de dois vídeos em que ela aparecia fazendo sexo com o namorado. Thamiris Mayumi Sato, 21 anos, também chegou a denunciar o ex namorado de 26 anos, por disponibilizar online imagens íntimas da ex namorada e ainda ameaçá-la de morte.

É curioso como a repressão é sempre em cima da mulher. Puta, vadia, vendida... Poucos tomam consciência de que condenável mesmo é a atitude de quem disponibiliza esse tipo de material na internet, sem o consentimento da vítima

Contudo, antes da exposição sexual ser um problema, existe outra problemática. Por que o sexo deveria ser razão de vergonha ou humilhação? Muitas das mulheres que sofrem esse tipo de exposição acabam por perder o emprego, é mal dita entre os familiares, amigos, conhecidos. Dificilmente arruma um emprego, enquanto o caso não é abafado. Quando se trata de uma estudante, a convivência escolar se torna impossível. E para todos os casos, não são os "homens porcos machistas" que a perseguem e julgam, mas a sociedade como um todo - talvez, principalmente as mulheres.

Xiu nos masculinóides internáuticos!
Em entrevista, Romário defende que as pessoas que têm fetiche com filmagens e fotos íntimas, devem ter a liberdade de assim fazer. Recomenda ainda, às mulheres, que mantenham com elas a posse das gravações ou imagens, para evitar que, após o rompimento, o ex tenha a possibilidade de fazer esse tipo mesquinho de revanche.

É notável como a cultura que busca culpabilizar a mulher ultrapassa os ambientes religiosos - onde Eva desobedece seu Patrono e come o fruto proibido - perpassa a escola - antigamente separada em ambientes para meninos e meninas - chegando à cultura que objetifica a mulher e disfarça uma falsa aceitação da sexualidade feminina.

A mulher foi colocada na posição de objeto sexual e privada da posição de sujeito sexual. Quando questionado sobre a hipotética exploração do corpo feminino em seus quadrinhos, Milo Manara (desenhista de quadrinhos e história eróticas) responde que em suas histórias a mulher é sempre um sujeito sexual, atuante, viva, ativa e exploradora. Enquanto em outros universos da industria cultural, tal como a pornografia, a mulher é sempre colocada na posição de objeto. Obediente, ela acata a ordens, ela se humilha, geme enfurecidamente e nada questiona. Anseia pelo membro viril de seu parceiro como quem busca por água no deserto (das comparações, a mais simpática). Insaciável, ela pode ser promíscua apenas ao ponto de satisfazer às fantasias masculinas e, o mais curioso de tudo, ela nunca recusa sexo. Imagine uma geração inteira que cresceu com essa visão deturpada sobre a sexualidade e prazer? As repercussões e implicâncias disso nós vemos a todo momento.

Demonstrações fortes da sexualidade feminina, como as feitas nas músicas da Valesca Popozuda são, frequentemente, censuradas e tidas como indesejadas. A mulher não pode desejar, não pode ser imperativa nem ativa. Deve ser forçosamente obediente e ter sua sexualidade sob controle do macho em cena.

Juntando esses fatores e constatações, percebemos como existe, de fato, uma cultura que tenta dar ao homem direitos de propriedade e controle sobre o corpo feminino. Dá-se então que marmanjões se sentem no direito de exibir sua ex propriedade na internet como forma de mostrar o quanto ela não têm mais valor. Afinal, no patriarcado, o único valor que uma mulher têm é o seu apelo sexual, é a formosura de seu corpo. Caso seu produto for exposto para quem queira consumi-lo, ela perde o apreço, o valor, a dignidade... 

Caso essa lógica, sexista, não seja quebrada, vamos continuar testemunhando esses e mais uma dezena de casos (que parecem estar entrando na moda) de exposições eróticas sem autorização. O projeto de lei de Romário veio em boa hora, mas penso eu, podemos fazer muito mais. Podemos amadurecer a sociedade de modo que casos como esses não tenham as repercussões tão trágicas e desnecessariamente mórbidas como vêm ocorrendo. Basta uma mudança de mentalidade, de postura ante o sexo e ante o corpo feminino.

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domingo, 5 de janeiro de 2014

Mais uma vez, de uma vez por todas!

Dessa vez eu vou desenhar. Sim, muito útil para o caso como você pode estar experimentando agora - o caso de ter recebido um link para essa publicação a título de esclarecimentos. Preste bem atenção pois eu só vou fazer isso mais UMA vez. Eu vou explicar as distinções entre Gênero, Sexo e Sexualidade.

Cores gritantes, sim! Dessa vez foi no Corel Draw
Cada campo tem sua definição distinta e absolutamente separada uma da outra:

Gênero:

São ficções culturais. Ou seja, foram CRIADOS, MOLDADOS, INVENTADOS e disseminados na sociedade por meio das instituições escolares, religiosas, estatais e culturais. Homem e mulher representam modelos emblemáticos de seres humanos. Ninguém nasce homem, nem mulher, mas são educados para desempenharem papéis, funções. Somos ensinados a encenar desde o nascimento e, toda ação que aparentemente nos colocaria fora do personagem é automaticamente corrigida pelo diretor de cena (seja o professor, o padre ou seus responsáveis).

Homem: Estritamente masculino, desempenha o papel do bagunceiro, desleixado, arrogante, agressivo, trabalhador. Sexualmente insaciável, não pensa em outros tópicos senão em sexo, cerveja e futebol. Política e filosofia é coisa de mariquinha. Trabalho doméstico ele deixa para sua mãe e, mais tarde, para sua esposa.

Mulher: Estritamente feminina, recatada, desempenha o papel da educada, faz aulas de etiqueta, se dá ao respeito, deve se esforçar a todo custo para se reservar ao seu futuro pretendente, senão, acabará por ser (merecidamente) taxada de vadia e, uma vez rendida à tentação sexual com que o capiroto manipula as mulheres, se tornará uma depravada sedenta por sexo (famosa feminista). Sua função se resume a ser uma incubadora, mãe, dona de casa e empregada doméstica.

Reforço pois, são FICÇÕES, INVENÇÕES antigas que são constantemente reinventadas com a intenção de manter ambos homens e mulheres sob um estado de estagnação e dominação mental.

Sexo Anatômico:

Esse é o mais fácil de explicar. Resumindo: Tem piu-piu, é do sexo masculino; tem pererequinha, é do sexo feminino. Eu poderia ter usado a questão cromossômica para definir o sexo anatômico, mas isso me colocaria em contradição, mais tarde. São dois, os complicadores a respeito do sexo anatômico:

1. Nascer de um determinado sexo anatômico não necessariamente vem acompanhado do gênero que o representa: Ou seja, mesmo que você nasça com piu-piu, isso não te impede de desenvolver uma personalidade do gênero mulher, afinal, como os gêneros são FICÇÕES, não existe qualquer inclinação natural para o desenvolvimento da psique de um indivíduo do sexo masculino ou feminino, para um ou outro gênero. Então, um representando do sexo feminino que se comporta como menino, não é anti-natural, mas perfeitamente cabível, dado que, ele simplesmente se identificou com a MÁSCARA que lhe pareceu cabível. Entrou no personagem errado, mas não é culpa dele, mas culpa da sociedade que não deixou claro para ela que o figurino dela deveria ser outro!

(Aos que assumem o gênero correspondente ao seu sexo anatômico, dá-se o nome de cis-gênero. Aos que assumem o gênero do sexo anatômico oposto, dá-se o nome de trans-gênero)

2. Nascer de um sexo anatômico, não implica que você vá aceitar viver no corpo que nasceu: Existem ainda casos de pessoas que nascem de um determinado sexo, mas sentem que, em realidade, deveriam pertencer ao outro sexo. São as "mulheres no corpo de um homem" e "homens no corpo de uma mulher". Recorrentemente, eles têm dificuldade em ter relações íntimas com quem quer que seja, pois não se sentem confortáveis em ter outras pessoas tocando um corpo que eles não aprovam. Para esses casos, aplica-se a mudança de sexo.

(Para os que sentem que nasceram no sexo errado, dá-se o nome de transsexual)

Cada qual em sua área, cada qual independente e que se associa livremente.
Sexualidade:

Esse é o campo mais diversificado. A sexualidade é completamente desvinculada dos tópicos abordados acima, por incrível que pareça. Ser transsexual, não implica ser homossexual (em relação ao sexo de nascença). Ser transgênero não implica em ser homossexual também. SIM, existem homens, que se vestem e se comportam como mulheres, mas gostam e sentem desejo sexual por MULHERES. Assim como existem pessoas do sexo feminino que querem fazer mudança de sexo para poderem se relacionar com... outros do sexo masculino!

Eu acredito que pouco preciso mencionar que não existe um modo de exercer a sexualidade que seja mais normal ou natural do que qualquer outra. Heterossexual ou homossexual são convenções formalizadores, provavelmente, distantes da realidade onde, esses campos não são tão distinguíveis como água e óleo. São construções sociais que tentaram empurrar ao longo dos séculos como padrões normativos, representado pela distinção homem-masculino-hétero e mulher-feminina-hétero. Deixemos eles nos quadrados deles, não é?

Pode parecer confuso, mas é só olhar para o diagrama acima. Cada qual, círculo, quadrado e triângulo, cada qual pode ser preenchido, livremente, por qualquer combinação das opções dos campos delimitados no primeiro diagrama. Enxergue os campos gênero, sexo e sexual como campos em branco que podem admitir todas as formas imagináveis e criativas de serem preenchidas e combinadas. Eu já dei exemplos suficiente necessários para mostrar como isso é possível e como ocorre, todos os dias.



Deixo aqui a minha contribuição de vital utilidade pública. A próxima vez que você encontrar alguém vociferando asneiras sobre transgênero e sexualidade no facebook, na rede social, em um fórum, na rua, na balada, no cinema... Meta esse link na fuça dele! De nada!

Caso se interessem, compilei uma série de tirinhas que um amigo ilustrador fez em analogia ao tema, aqui.

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sábado, 4 de janeiro de 2014

Tailor

Acompanhando a vibe da minha última postagem a respeito de tirinhas de protesto, ou ainda a minha compilação de tirinhas sobre transsexualidade, mais ainda as histórias de uma Drag Queen salvando a noite, trago outro artista que conheci recentemente, junto a uma série que destacou merecida atenção aos meus olhos. vós apresento

UM CARA LEGAL:











Não é uma tentativa de plágio. É uma simples compilação. Eu poderia comentar o contexto de cada tirinha, mas eu prefiro deixar o leitor refletir. Será que você se encaixaria em alguns dos perfis representados? Eu senti que eu quase me identifiquei com tipinho que lê e se informa sobre feminismo e pensa que suas leituras valem mais do que a vivência das mulheres. Mas daí eu lembrei que eu não perco tempo dando carteirada nas minhas amigas feministas. Que fique para cada qual refletir e perceber se entendeu qual foi a crítica da cartunista em sua página, Tailor.

Para quem ficar indignado com a publicação ou com os comentários trolls nessa publicação, eu recomendo que leia o princípio de uma explicação no meu novo texto sobre os machistas convictos.

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Gunter Brian

Homens de Laerte

Bisbilhotando por vez ou outra o fenomenal blog do ilustrador Laerte, me deparei com essa e outras séries fantásticas de tirinhas. Laerte é ícone na luta, não apenas da causa LGBTT, mas na luta em prol de todas as minorias oprimidas.



Me chamaram bastante a atenção esses dois relatos impossíveis de história de vida. Muitos dos que promulgam contra a defesa das minorias, atestam estarem sofrendo repressão ou serem perseguidos. Enquanto, em comparação, os grupos que eles acusam de serem opressores foram, efetivamente, trucidados, torturados, violentados e explorados.

Não existe registro (relevante) de ateus que defendendo O ATEÍSMO, promoveram massacres em nome de sua crença. (Por favor, saiba separar o socialismo stalinista, do ateísmo. Seria o mesmo que julgar o cristianismo por culpa de Hitler ter se declarado cristão - entendeu?). Assim como não há registros de feministas que, defendendo o feminismo, invadiram a casa de cristãos moralistas para queimarem seus filhos em praça pública. Mas existem uma infinidade de registros que comprovam que ateus e mulheres que não aceitavam aceitavam viver sob a moralidade cristã foram queimados e torturados nos calabouços por padres católicos.


Aqui, uma evidente crítica à normatividade imposta à nossa sociedade. "Homem, branco e heterossexual" enquanto modelo do que é normal e, portanto, aceitável. Tudo o que foge à norma passa a ser marginalizado e tido como subversivo e perigoso. Conceitos tão arraigados que são defendidos de forma democrática (não necessita ser, efetivamente, homem-branco-cristão-hetero para defender esse padrão normativo). Democratização a discriminação para que todos pudessem ter preconceito contra eles mesmos, indiscriminadamente. "Liberdade de Expressão" para reproduzirem discursos convenientes e que não ofendem a ordem vigente.


Essa é emblemática e tão inteligentemente bolada que eu dispenso contextualiza-la. Essa fica para você, leitor, pesquisar e localizar. A minha intenção era tão simplesmente de abrir alguns breves parágrafos para divulgar, humildemente, o trabalho do mestre Laerte. Não deixem de visitar o Manual do Minotauro, ou a página dedicada à personagem Muriel.

Ou talvez se interessem por conhecer as histórias de uma Drag Queen heroína! E por que não um Gambá em crise de identidade? Fica a seu critério.

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